Tuesday, March 16, 2010

Os bilhões de Eike

Esta semana, a revista Época estampou em sua capa a figura do bilionário brasileiro Eike Batista, dono de um império calculado em US$ 27,5 bilhões. O que é surpreendente é que, em apenas 3 anos, este bilionário saltou da 142ª posição para a 8ª entre os mais ricos do mundo. Segundo a reportagem, seu alvo é atingir US$ 100 bilhões. Tendo iniciado seus negócios com a exploração de ouro na Amazônia em 1942, hoje possui companhias de exploração de minério, de petróleo, além de construtora de navios, entre outros empreendimentos. Segundo a reportagem, Eike “não tem pudor em se vangloriar de sua riqueza”.

Definitivamente, nada contra as grandes fortunas. Deus nos possibilitou tirar da terra o nosso sustento e ela, de fato, nos propicia grandes riquezas. Na própria Bíblia conhecemos homens ricos como Abraão, como Jó, Salomão, entre outros. O problema não está na riqueza, mas no significado que ela tem para quem a almeja e como se faz uso dela.

Jesus alertou seus discípulos diversas vezes acerca dos perigos da riqueza: “E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc 12.16-21)

Em outro lugar disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 16.19-20). Em seguida diz: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 16.24).

Há uma outra afirmação clássica de Jesus em Mt 19.23: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Esta passagem se reveste de importância porque foi proferida logo após a rejeição de um jovem rico pelo reino de Deus em razão do custo apresentado por Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me” (Mt 19.21). O custo era o de abrir mão daquilo que tomava o seu coração. Aquele jovem mostrou que não ele não estava disposto a negar suas riquezas a fim de seguir a Jesus. Foi assim que Jesus revelou o que verdadeiramente importava para aquele jovem.

Paulo também adverte a Timóteo sobre os perigos da riqueza: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1Tm 6.9-11)

Finalmente, como dissemos anteriormente, a Bíblia não condena a riqueza, mas exorta quanto aos seus perigos e ensina como ela deve ser empregada. Citemos novamente o apóstolo Paulo falando ao seu discípulo Timóteo: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida”.

Roguemos a Deus que converta o coração de Eike Batista para que ele faça uso sagrado dos seus recursos e os converta em bênção a todos. Tenhamos cuidado para não invejarmos a riqueza desses ricos, pois ela pode ser seu pior veneno.

O texto foi baseado na matéria de capa de mesmo nome da Revista Época 617 de 15 de março de 2010

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