Fonte: France Press (site: ultimosegundo.ig.com.br)
O cardeal Joseph Ratzinger, que em 2005 foi nomeado papa Bento XVI, não fez nada para impedir que um padre acusado de pedofilia retomasse o sacerdócio em outra paróquia na Alemanha em 1980, afirma o New York Times nesta sexta-feira, um dia depois de revelar um caso parecido ocorrido nos Estados Unidos.
No final de 1979 em Essen, Alemanha, o padre Peter Hullermann foi suspenso após várias queixas de pais que o acusavam de pedofilia. Uma avaliação psiquiátrica indicou seu instintos pedófilos, indica o jornal americano.
Reuters |
Vítima segura foto do papa em protesto na 5ª feira no Vaticano |
Algumas semanas depois, em janeiro de 1980, o cardeal Ratzinger, que na época era arcebispo de Munique, dirigiu uma reunião na qual a transferência do padre de Essen para Munique foi aprovada. Dias depois da reunião, Ratzinger recebeu uma nota informando que o padre Hullermann havia retomado o serviço pastoral.
Em 1986, esse padre foi declarado culpado de ter abusado sexualmente de meninos em uma outra paróquia de Munique, após a transferência para a cidade bávara.
Nesta semana, novas acusações de pedofilia vieram à tona, envolvendo o início e o fim de seu sacerdócio.
"Esse caso é particularmente interessante porque ele revela que na época o cardeal Ratzinger estava em posição de abrir processos contra o padre ou, pelo menos, fazer com que não tivesse mais contato com crianças", destaca o jornal.
"O padre Hullermann passou diretamente da vergonha ligada à suspensão de suas funções em Essen à possibilidade de trabalhar sem qualquer restrição em Munique, mesmo tendo sido descrito como um 'perigo' na carta que pedia a transferência", acrescenta o NYT.
Pelo segundo dia consecutivo o New York Times revela documentos comprometedores para o Vaticano. Na quinta-feira, jornal divulgou informações de que o futuro papa encobriu nos anos 90 um padre americano suspeito de ter abusado de 200 crianças com deficiência auditiva de uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos).
O Vaticano saiu em defesa do papa afirmando que ele só teve conhecimento dos fatos quando o sacerdote estava idoso e muito doente.
Segundo o NYT, Ratzinger, nos anos 90 prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ignorou denúncias de que o padre Lawrence C. Murphy teria abusado de quase 200 crianças surdas em uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos) entre 1950 e 1972. Murphy trabalhou no local entre 1950 e 1974.
Bispos apoiam papa
Nesta sexta-feira, em carta dirigida ao papa, os bispos da França expressaram vergonha e pesar perante os atos de pedofilia dentro da Igreja Católica.
"Todos sentimos vergonha e pesar perante os atos abomináveis cometidos por alguns padres e religiosos", afirmam os bispos, que, na mesma carta,defenderam o papa contra os ataques que sofreu em relação ao escândalo.
"Constatamos também que esses fatos inadmissíveis são utilizados em uma campanha para atacar o senhor e sua missão à serviço da Igreja", afirmam os prelados. Eles também enviaram "uma cordial mensagem de apoio no difícil período que atravessa nossa igreja".
Em um artigo publicado no jornal britânico The Times, o chefe máximo dos católicos da Inglaterra e de Gales também negou que a Igreja tenha acobertado os abusos sexuais. O arcebispo de Westminster, Vincent Nichols, considerou inadmissível a atitude das pessoas que abusaram sexualmente de menores.
Já a influente congregação mexicana Legionários de Cristo reconheceu nesta sexta-feira pela primeira vez os abusos sexuais cometidos por seu fundador, o falecido padre Marcial Maciel, e pediu perdão às vítimas.
Em um comunicado divulgado em Roma, os superiores da congregação admitem as "ações reprováveis" de Maciel e pedem desculpas a "todos aqueles que foram afetados, feridos ou escandalizados pelas ações reprováveis de nosso fundador".
O documento, que rompe com a tradicional posição da congregação de defender a figura do controverso fundador, está assinado pelos principais nomes da congregação, entre eles o diretor geral Alvaro Corcuera e o vigário general Luis Garza.
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